
Áries morre no calor do combate. Nem chega a ver o rosto da morte. Não sofre por antecipação: o golpe é fatal, súbito e exato.
Touro vê a morte de longe, depois vê a morte chegando, e vai se aproximando dela, até que se encontram. Nada altera seu caminho.
Gêmeos pode até aceitar a morte, só queria ter uma conversa com ela antes: “Isso de morrer, precisa mesmo?”, “esse seu trabalho, é meio pesado né?”, “lá pra onde a gente vai, tem internet?”
Câncer odeia a morte. Queria que ela morresse. Mas ia ficar triste se morresse mesmo.
Leão desafia a morte. Não tem chance de vencê-la, mas faz parecer que tem. Sua morte é uma derrota, mas uma derrota trágica, bela e gloriosa.
A morte de Virgem é um rito. Ela é recebida em um lugar adequado e com os utensílios corretos. Até para morrer existe um jeito certo.
Libra também conversa com a morte, e começa tentando fazê-la mudar de ideia. Depois aceita que a morte é inevitável. Acaba concordando com ela em inúmeros outros assuntos também.
Escorpião morre várias vezes na vida. Tantas que faz amizade com a morte. É com carinho que a recebe na última visita. “Vem cá minha velha”, diz, cheio de intimidades.
Sagitário tem uma teoria a respeito da morte, e vai explicá-la para a morte quando a morte chegar. Vai ser a maior viagem, mas a morte vai achar interessante e vai ouvir até o fim.
Capricórnio respeita a morte, sabe que ela está aí há muito tempo. Morrer é uma coisa que todo mundo faz, não vai ser ele que vai inventar moda do contrário.
Aquário recebe a morte como um convite para entrar em um clube, tipo ingressar em uma associação: “Tô nessa, quero participar também”. Mas Aquário pode sentir exatamente o contrário, a morte como oportunidade de deixar de participar do clube dos vivos: “enfim”, diz, “tire-me daqui”.
Peixes se rende à morte como se rende ao sono, deixa que ela leve peça por peça, entrega os pontos. E, se tem alguém que consegue enganar a morte, esse alguém é Peixes, quando finge que está jogando para vencer, e na verdade não está nem prestando atenção no placar do jogo.
Que texto maravilhoso Gus! Me emocionei e diverti ao mesmo tempo.. feliz é morte, que de tédio é que não morre mesmo!!
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Nossa, esse é um dos meus favoritos até agora!
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